sábado, 17 de setembro de 2011

Uma hora no trem

Diário do Outro:


Cheguei e ela já estava lá, com seus cabelinhos cacheados meio escuro meio claro... Olhou pro capacete na minha mão, mas não fez nenhum comentário. Depois do silêncio de 1,2,3 segundos ela disse: - "Mamãe todo mundo é grande, você é grande, eu sou grande..." com um sorriso lindo em seu rostinho miúdo de contentamento por sua constatação. A mãe usou de monossílaba "Ô" disse ela...

Sabia, eu sabia que depois dali em diante o silêncio não seria o mesmo.
Pois aquela menina era a alegria do trem, na verdade poucos pareciam notá-la. Eu e a mãe dela parecíamos as pessoas mais interessadas em tudo que ela tinha pra falar... Claro, tentei esconder. Afinal, estava ali apenas para assistir a menina esbanjando sua sabedoria de criança.

Me impressionou a paciência e a forma doce da mãe dela em escutar tudo que ela dizia e responder em voz baixa e serena, nunca impaciente, nunca envergonhada ou constrangida e quando chamava a atenção, não gritava, falava séria, e a menina entendia e obedecia.

Ao contrário, a menina era estridente, ela ria com toda vontade e força que tinha, iniciou com uma risada gostosa, solta, verdadeira, exalando sua alegria por todo ambiente, depois brincou de rir, porque rir também é legal.

Ela falava, mas se atentava a todos sons externos. E fazia perguntas pertinentes. -"Mamãe qual é o lado esquerdo?"... -"Mamãe, e este?!" .... -"Direito?!". Encantadoramente pequenina e encantadoramente inteligente. Me lembrou uma prima, morena igual, do tom de cabelo parecido e de uma esperteza muito semelhante. Porém, ninguém é exatamente igual a ninguém.

"An, de novo mamãe?!" dizia, toda vez que a porta se abria.
"U..U..U...U..U", imitou o som que ouvia.

A mãe se encantava com a esperteza da filha aproveitando as oportunidades pra explicar as coisas da vida... Riu quando viu a filha imitando o som e aproveitou pra explicar que o barulho era pra avisar que a porta ia fechar.

A menina era a coisa mais linda, mais estridente, mais fofa e inteligente. Quando sorria, sorria com os lábios e com os olhos. Mas não era boba, sabia quando sua mãe brincava e quando falava sério...disse ela:- "Deixa de besteila mamãe" ... e ria.

Uma lindeza!

Um comentário:

Nathi disse...

Calma Ná, um dia vc tem uma bonequinha também, por enquanto babe as alheias...^^