sexta-feira, 15 de julho de 2011

O mundo muda, os problemas continuam

Há um tempo atrás, havia muito dificuldade, não que isso tenha deixado de existir, mas o número de pessoas que passavam fome era maior, pessoas que não tinham nenhum acesso a saúde, que viviam menos tempo dentro das escolas e mais tempo trabalhando, era um cenário triste, e desconsolador, que ainda existe.

Mas algumas dessas pessoas do passado, que lutaram, batalharam, cresceram, conquistaram uma situação financeira melhor decidiram que é obrigação delas não deixar nada faltar para os seus filhos. Investem em colégio particular, cursinhos pré-vestibulares, necessidades básicas e vão além em direção a uma enxurrada de vontades, caprichos, aparatos tecnológicos modernos, luxo, muito luxo, tudo para garantir que seus filhos sejam "felizes".

Mas assim também adoece a sociedade. Não que o cenário anterior era melhor, mas lutar para conquistar algo dignamente sempre fez bem para o caráter. Não que não existia pessoas de má índole capaz de fazer loucuras para conquistar alguma coisa na vida, isso existia, isso existe. Mas quando uma coisa melhora, outra piora, infelizmente vivemos assim.

Por que estou escrevendo tudo isso?! Bem, esse, eu diria, é o efeito que os textos da Eliane Brum, jornalista e colunista da revista eletrônica da época, tem sobre mim. Esse efeito de pensar, não faz muito tempo, eu já havia discutido sobre esse aspecto há um tempo atrás com a minha Vó, de como as coisas mudaram, das vantagens que isso trouxe e das perdas que também vieram, minha Vó porque nada melhor que ela, uma pessoa experiente que passou por muita necessidade para fortalecer esse conceito.

Dizem sempre que a vida é uma via de mão dupla, e o Menino Maluquinho, personagem do Ziraldo diz..."Todo lado tem seu lado", então quantos lados tem? Nas aulas de Jornalismo Político, tivemos contato com assuntos que incomodam, com muita injustiça que ainda existe, pior que isso, os efeitos que o consumismo gera na sociedade e como somos enganados constantemente, e aceitamos, e aplaudimos.

Existem muitos problemas na nossa sociedade, mas sempre existiram problemas e o que a gente aprende é que a forma como lidamos com os problemas, com o sofrimento, com a dificuldade é que faz de nós seres "melhores", não seres perfeitos, mas seres capazes de uma solidariedade com quem também sofre, talvez seja por isso que passamos por determinada situações, para ser capaz de ajudar aqueles que também passam e passarão por isso. Talvez por isso existam pessoas que aparentemente sofram mais que outros.

É um leque muito grande, ou uma cebola cheia de camadas. Eliane Brum em seu ultimo texto postado nessa segunda-feira, dia 11 de julho de 2011, apenas desmistifica a ideia de que é possível viver uma vida "perfeita" sem nenhuma dor, sem sofrimento, sem medo, sem dúvidas, como alguns pais almejam garantir aos seus filhos. Com muita frequência olhamos o mundo e vemos a extremidade que existe, sempre de 8 a 80, dificilmente o equilíbrio, e talvez esse seja o maior problema. Tudo que é demais faz mal... tudo que é em medida exagerada, estraga. E se as pessoas não tiverem consciência disso, elas adoecerão cada vez mais.



Link do texto de Eliane:
http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI247981-15230,00-MEU+FILHO+VOCE+NAO+MERECE+NADA.html

3 comentários:

Johnny Nogueira dos Santos disse...

Espero nunca dizer para o meu filho:

“Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”.

Acho que a grande dificuldade da Eliane Brum é saber direcionar tudo o que essas novas gerações têm de bom.

Acho que todos temos o direito a felicidade sim, quase como um patrimônio mesmo, vejo muito mais coisas boas do que ruins nas novas gerações, acho que as coisas ruins estão mais ligadas à pais relapsos que não souberam se adaptar aos novos tempos e educar seus filhos com uma dinâmica e linguagem apropriada.

Acho que a educação precisa ser transmitida de acordo com a capacidade de quem vai absorvê-la, se não os fingimentos passam a ser algo tão natural que fica difícil estabelecer uma relação profunda de intimidade e respeito.

Achei o texto da Eliane meio "deprê", meio derrotista, acho que esse tipo de relação entre pais e filhos existe há muito mais tempo, a diferença é que talvez agora com a grande oferta e facilidade de aquisição dos bens de consumo, essa frieza atinge e de certa forma aniquila grande parte da classe média, e principalmente as classes sociais mais altas da qual me parece que a Eliane faz parte.

Henrique Gois disse...

Gostei do texto.
Acho que as pessoas as vezes procuram felicidade nas coisas erradas, achamos que o melhor é aquilo que não tivemos....
Sofrimento existe sim, mas acredito que se deve bater de cara com ele, ficar com a cara na parede não dá!
Concordo com o Johnny "filho segue seu rumo" mas "tô aqui" é o caminho que mais gosto, pois faz com que nossos filhos sejam fortes, aprendam a se lidar com a vida, pois esta não vem com manual de instrução e temos que aprender na raça.

s2...Ná...s2 disse...

Meninos, acho que vocês tem razão nas considerações de vocês...Pelo menos a razão de vocês. Direito a FELICIDADE? Como Herança? John, não estou dizendo para o pai colocar o filho no mundo e falar: VAI VIVER SUA VIDA, claro que não, pais de verdade não fazem isso, eu não faria isso, quero que meus filhos sintam sempre que podem contar comigo.

O aspecto do texto não é esse, o propósito não é esse, a questão que eu coloquei e interpretei do texto da Eliane Brum, que não achei derrotista, mas realista é que...Está sendo criada uma geração que não sabe lidar com AS PERDAS, com OS SOFRIMENTOS... ou pior que isso, algum valores importantes estão sendo substituidos por objetos inanimados que não dão educação nem carinho =/

Eu não vejo mais COISAS boas do que ruins, eu vejo coisas boas e ruins nessa geração e na geração anterior. A questão é...Educar filhos é uma tarefa extremamente difícil e por isso deve se pensar bem, mas não adianta pensar que será uma criação perfeita, sem nenhum erro. Todos cometemos erros, faz parte da condição humana, posso acertar nisso, mas errar naquilo e errar acreditando que estou certíssima. Não é esse o propósito também, ensinar a educar os filhos. Cada um tem seu medidor.

Eu estou tentando parar com isso...REPARAR nos erros das pessoas, porque infelizmente eu também cometo erros e cometerei erros. Mas espero de coração que meus filhos possam ter o mesmo orgulho que tenho da minha mãe.

Acho que a questão é essa mesmo...Expor o que se pensa, como vocês fizeram, apenas pelo direito de defender uma visão. Eu escrevi uma vez ao Carlos que assim como temos o direito de discordar de uma coisa que não concordamos e não achamos que está certo, temos o dever de aplaudir quando achamos que a coisa é boa e nos faz bem...Por isso, sintam-se sempre a vontade para COMPARTILHAR as ideias de vocês...SAUDADES IMENSA.