quinta-feira, 20 de maio de 2010

Os dois lados da mesma corda

A Primeira Ponta

Foram anos de parceria, ela já o conhecia e ele dela já muito sabia. Foram muitas as brigas, as discussões na portaria, mas valia a reconciliação hummm! Revivia, retornava com mais força aquilo que esquecemos às vezes sem perceber, mas virou monotonia, café da manhã, feijão e arroz todo dia, aos poucos algo se diluía. Por que razão, oras? Por que, vida? Acabou-se, houve choro de partida, não de amor, ele a muito tempo a traia, a traição é destruidora, se perde o respeito, a consideração ou qualquer coisa que havia. O choro...foi apenas tristeza no peito doido, cheio de marcas, feridas... pois naquele momento um laço se partia ou será que já nem mais existia? Seria apenas um, não dois como de costume, mas ela sabia que sobreviveria e com o tempo aprenderia e encontraria alguém legal nessa vida, pois sempre tem alguém esperando outro alguém enquanto este não vem.


A segunda Ponta


Tão raro hoje em dia, a idade avançada... ele, cabelos grisalhos, calvo, e ela, um delicado coque preso com uma presilha bonita. Estavam lá, os dois, sentados num banco de praça, deitado no ombro dele, conversavam, riam, pareciam recém casados, mas eu sabia, era de longa data, seguravam as mãos com tanta ternura, os olhos brilhavam. Será que nunca na vida brigaram? O amor às vezes supera as tristezas e as marcas dolorosas, ele cura, é a marca bendita. Mas como sempre, não se pode evitar determinadas situações, o ponteiro da vida girou rápido demais naquele dia, ele se foi... e a deixou sozinha, justo?! Inevitabilidade da existência.
A dor era tremenda, dor de morte, embora ela estivesse viva, acordar e não vê-lo, almoçar sozinha e olhar para poltrona vazia... às vezes ela esquecia, pensava em chamá-lo, mas então lembrava que ele não mais a ouvia, era uma terrível agonia, só a morte poderia curá-la, era o que ela pensava. Mas quando nos puxam o tapete, é preciso encontrar forças de outro lugar e aos poucos as coisas se acertam, nunca serão as mesmas, as lembranças ficam, isso ninguém pode roubar, mas é preciso brindar a vida, ainda que a morte exista, nós nunca sabemos quando ela vai chegar e por isso mesmo devemos brindar.

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