quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Momentos de Pânico

Ontem:
Saí da faculdade uns dez minutos depois do normal e dez antes do horário previsto.
Acompanhada da minha TRUPE, meus companheiros, meus amigos, fomos para o ponto a espera de nosso onibus. Encontrei um amigo da Escola...Que saudade!!! Tenho tido a sorte de encontrar pessoas tão queridas em minha vida. Ele me convidou para ir de Cocaia com ele, não aceitei o convite. Permaneci com a minha TRUPE. Quando apareceu um Icaraí vazio..vazio... Como sempre! Cansados de esperar o nosso onibus, entramos nesse mesmo. Pouco tempo depois de entrarmos, entrou umas pessoas estranhas, que nos encararam desde o começo. Eles mudavam de lugar, ficavam em pé, sentavam, ficam juntos e ficavam separados, falaram coisas suspeitas, todo encapuzados, um com uma toca vermelha que ficava na porta, outro com toca meio que num tom branco cinzento, este sentou do lado de um cara, e falou para ele ficar de boa, para não se apavorar, que uma vez ele já tinha deixado um no chão, um discurso confuso e apavorante para quem está com a imaginação aflorada, aquele bando estava mal intencionado. Primeiro o Tony se assustou, senti o medo dele e fiquei com medo também...Eu segurei a mão dele, para tentar dar segurança a Ele, mas eu comecei a sentir um medo tão grande quanto o dele, mas não queria demonstrar pra ele, mesmo assim tive que segurar na mão da Lari. A situação não era nada agradável, nossos olhos de medo filmava cada passo suspeito deles, menos a Lari, a Lari estava tranquila, conseguia conversar, falar com naturalidade, demonstrou apenas uma raiva por causa do menino que a encarava, nosso caminho era longo, nada ainda tinha acontecido conosco. Ainda! Tinha medo do quando...tinha medo do como. Por mais assustada que tivesse, eu fiquei menos assustada por estar acompanhada de pessoas tão amadas por mim, mas ao mesmo tempo mais preocupada, eu mal falava, apenas orava e pedia a Deus para que cuidasse de nós...Ele é meu PORTO SEGURO, a minha rocha. Mas a aflição, a angustia aumentava, perto do Sp Market eu tive uma ideia...sussurrei baixinho pro TOny e pra Lary pra gente descer no próximo ponto. Eles concordaram, foi só ai que a Lari percebeu os meus motivos, os nossos. Era difícil até mesmo sussurrar, eles ficavam olhando pra gente registrando qualquer expressão que fizéssemos, quase como se fossemos reféns, mas não declarados, era difícil disfarçar. O ponto chegou, o moço de vermelho levantou, foi pra porta, mesmo assim permitiu que descêssemos sem encostar a mão em nós, eu gelei, até tropecei o ultimo degrau. Pensei em quem estava atrás de mim, tive muito medo que fizesse algo a Lari, que fizesse mal ao Tony, surgiu a palavra morte em minha cabeça, mas de uma vez. Meu único motivo era: "Não quero morrer desse jeito", para Lari a morte seria mais penosa do que pra mim, está no seu momento tão mais feliz, namorando alguém que faz muito bem a ela, pensando em sua formatura, fazendo planos pro futuro... até o futuro casamento dela com seu amado surgiu a deixando com medo, cenas torturantes no qual ela não poderia assistir veio em sua mente. O medo tinha alcançado a nós todos. Eu tremia da cabeça aos pés, mas aliviada por que descer tinha dado certo, não sei o que teria acontecido se seguissimos a viagem até o fim, zelava pela segurança de meus amigos, pela minha segurança, pensava nos que ficaram no onibus, pensava se isso não fosse uma viagem muito louca de nossa cabeça, mesmo que fosse imaginação o medo era bem real. Pegamos outro onibus...encontramos uma das integrantes de nossa trupe que só não tem a mesma sorte de morar perto de nós. Tony contou numa euforia o que tinha acontecido, o nervosismo, o medo foi transmitido em seu ponto de vista de cada detalhe. Encontrei mais uma amiga, Tony me chamou de "vereadora", isso foi ultrajante.... Foi o dia dos encontros, descemos e finalmente pegamos o onibus que deveríamos ter pegado inicialmente. Na hora de nos separarmos, minha alma gelou, ainda estava atordoada, e este foi o momento que queria ter alguém, o momento em que me vi necessitada de um abraço de proteção, de uma mão... de um esconderijo, mas não tinha...não encontrei. Respirei fundo e segui em frente. Pensei na vida, na quantidade de vezes e pessoas tem que passar por essas situações, que nem sempre tem um fim "bom" como o nosso teve. A tragédia alheia nos assusta, mas não tanto quanto acontece do nosso lado, parei pra pensar nas pessoas que morrem de jeito trágico, e ainda hoje lendo "Noticia de um Sequestro" me sensibilizei com a morte de anos atrás de uma desconhecida minha, encarar a morte do desconhecido não é tão difícil justamente por não conhecermos sua historia...Conhecer as historias das pessoas faz com que tenhamos um laço invisível, as vezes mais forte, as vezes mais fraco. Mas quanta gente desconhecida morre todos os dias? É uma pena..lastimável. E talvez não seja meu conhecido, talvez eu não saiba nada sobre a sua história, mas alguém sabe, alguém o conheceu, alguém chorou por ele.

Ainda lembro daquela voz sombria do cara encapuzado, isto me estonteia.
Icaraí... vazio a noite? Se puder evitar...melhor!

Um comentário:

Nathi disse...

Ainda bem que tudo terminou bem..

Odeio pensar que isso acontece a todo momento e que a humanidade fede a crueldade!

Espero que esta sensibilidade que demonstrates não se desfaça com o exercíco de sua profissão!
Beijo minha jornalista favorita!